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Curso de Teatro
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domingo, 22 de março de 2009

delírio

Infinitas portas se abrindo. A mesma quantidade se fechando. Os ruídos se tornavam cada vez mais intensos. Tão intensos que se apoderaram do meu pensamento. Dentro de mim, não paravam de abrir e fechar.

Coisas saiam.

Coisas entravam.

Enquanto meu cérebro se tornava aquoso, eu ordenava que os músculos do rosto relaxassem. A escuridão era grande e aumentava. Meus sentimentos faliram. Quando me dei conta, os olhos ardiam como a chama de um fósforo recém riscado.

O teto estralava, como se a tinta descolasse, sem surgir sequer uma rachadura. Os sons distantes dos carros que passavam na rua, a essa hora da noite, invadiam meus ouvidos sem me perturbar, mas sim, embalando-me num sono tranqüilo.

Talvez isso não passasse de um desejo muito íntimo. Só me resta aceitar o momento.

sábado, 21 de março de 2009

palco/vida :: vida/palco

A.ção (sf): ato ou efeito de atuar; resultado de uma força física ou moral; possibilidade de executar alguma coisa; modo de proceder; atividade, energia, movimento.

A ação (dramática) não pode ficar apenas no físico ou mental, mas na união dos dois. Cotidianamente agimos a todo instante, tudo é ação. Cenicamente falando, algo precisa se transformar. Não me interessa esta energia/movimento, se na cena ela for cotidiana. Pode até ser uma ação cotidiana, mas sua construção, antes de ir para a cena, deve ser feita a partir de estados físicos extra-cotidianos. E mesmo assim, posteriormente, enquanto espetáculo, não será cotidiano, pois o estado, o local e o momento por si só já são extra-cotidianos.

Como se dá então essa construção da ação? Quer seja sobre o companheiro ou um objeto, algo deve me mover, mesmo que não seja possível ver fisicamente, mas internamente algo me transforma antes de exteriorizar fisicamente a ação.

Yoshi Oida¹ diz que para aperfeiçoarmos uma ação, para que tenha um verdadeiro sentido, deve-se fragmentá-la. É preciso detalhá-la mais e mais, antes de chegar ao final da ação.

Na construção da ação é preciso perceber tudo que ocorre com nosso processo de criação. Observar detalhes que podem passar despercebidos, e que poderiam ser de grande importância. Fugir da previsibilidade é de suma importância, o ideal é se entregar aos estímulos e sensações, sem se preocupar, neste primeiro momento, com a forma. Procure o limite, mas quando encontrar, já não serve, pois é necessário rompê-lo para ir a diante. Não posso ter medo de abrir mão daquilo que já criei, é uma troca constante. As mudanças devem significar refinamento, mais sensibilidade. 

O ator pode funcionar como uma seqüência de fotografias, porem, estas imagem que temos/vemos devem estar em constante estado de transformação para se encaixar na próxima imagem, e esta, na seguinte. 

¹ Yoshi Oida. Um Ator Errante, BECA, 1999, São Paulo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

estou agindo?

“Uma obra de arte torna visível o invisível” [Wassily Kandinski]

Estar aberto para receber as informações externas e transmutá-las a nosso favor, é de extrema importância, em especial aos que pretendem dedicar-se ao fazer teatral. É importante perceber que em alguns momentos é necessário nos “desligarmos” para realizar um trabalho e uma observação interna mais apurada. Um trabalho sobre si.

 É comum deixar envolver-se facilmente pelo conforto, deixando assim, por vezes, de agir em nossa vida. O conforto nos envolve rapidamente. Quando temos uma cadeira, queremos uma poltrona, depois um sofá, almofadas, um televisor... No trabalho do ator isto também pode vir a ocorrer.

 O ator não deve agir para significar algo, pois as ações significam porque tem um sentido. Todo movimento, todo gesto, precisa ser impregnado de sentido, ou seja, precisa ser transmutado em ação. A ação deve ser formulada fisicamente. Experimentar com o corpo, registrar no corpo, e posteriormente realizar o conjunto de ações e identificar seus sentidos e caminhos.

 O que me faz pegar uma caneta? Qual o sentido disto? Existe diferença para mim, pegar uma caneta para assinar um testamento ou escrever um bilhete dizendo que fui comprar pão, e volto logo?

 Precisamos descobrir qual a “tensão” justa/exata para nossas ações. Afinal, precisamos de espaço interno para a energia circular. Não posso estar com os músculos contraídos e com isso bloquear meu corpo.

 Não me agrada sair de uma aula, ensaio, treino ou atividade similar e ter certeza de que determinada coisa é assim e isso me basta, ou apenas a confirmação de algo que eu já imaginava, mas sim, sempre auto questionar-me e trabalhar sobre.

 Aprenda por você mesmo suas limitações, seus obstáculos e a maneira de superá-los. Construa a sua cena degrau por degrau, sem fazer imitações, com toda personalidade, com todo corpo. Como resultado, você perceberá que o corpo começou a reagir “totalmente”, o que significa que está quase aniquilado de mazelas viciosas, que quase não existem mais, o corpo não oferece mais resistências.

 Seus impulsos estão livres!

recomendo

  • http://www.ciacarona.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=129&Itemid=98
  • http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u25609.shtml
  • http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=338&Artigo_ID=5239&IDCategoria=6005&reftype=2
  • http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=332&Artigo_ID=5164&IDCategoria=5922&reftype=2
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“A página que no início era branca, agora está cruzada de alto a baixo por minúsculos sinais negros, as letras, as palavras, as vírgulas, os pontos de exclamação... Contudo, há uma espécie de inquietação no espírito, há essa vontade de vomitar muito próxima da náusea, há uma oscilação que me faz hesitar em escrever... ” [Jean Genet]