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Curso de Teatro
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sexta-feira, 5 de junho de 2009

longínquos afagos

A sua mente já corroída pela doença o impede significativamente de buscar detalhes em sua memória. A culpa não é exclusividade da doença. O médico o medicava de forma errônea. Assim, as lesões maiores vieram em decorrência da negligencia. Era uma constante seus pais ensinarem coisas do cotidiano, fato comum a qualquer família, e do ponto de vista deles era o mais correto a ser feito. A partir deste instante que eles se dedicavam a cuidar do filho, pois ele não poderia fazê-lo sozinho, já incutiam regras sociais na tenra criatura. A mãe, por esquecimento, comum inclusive, não havia tomado seus medicamentos e a euforia, quase descontrolada invadiu sua boca. 

- Chegou o dia da pré-escola meu filho! 

O pai, que não fugia muito a regra.

- Eu, sua mãe e a escola, vamos socializa-lo querido!

Maldito dia este. Depois de todos estes anos grudado na “barra da saia”, debaixo das mãos e dos olhos do pai, o mínimo que poderia pensar, mesmo que intelectualmente impossível devido sua idade, era: - Isto é uma injustiça sem tamanho. Pobre de mim. Rodeado por algumas dúzias de crianças estranhas. Sabe deus o que elas podem fazer comigo caso aquela mulher, que me foi explicado posteriormente, e que minha mãe disse ser a professora, saísse de perto de mim.

A mãe sempre demorava para voltar e busca-lo, montada em uma bicicleta enorme. Mesmo que a cada dia fosse sempre a mesma quantidade de horas, demorava. - Do meu ponto de vista eram horas demais. Por que ela me deixava lá?

Em breves meses as coisas mudaram. Já não sentia mais a falta. Os amigos novos eram substancialmente mais interessantes. Inclusive mais do que os amigos/vizinhos. Talvez enjoado deles? Em uma das extremidades do imenso pátio de “pedra-brita” da pré-escola está o menino, e em outra extremidade, na cozinha, espiando por uma janela, uma das merendeiras conversando com a colega.

- É impressão ou aquele menino lá no pátio está passando mal?

- Urrando e se contorcendo daquele jeito, só pode estar.

De súbito, branca e ofegante, surge a professora na cozinha.

- Vocês viram aquele loirinho gordinho?

- Aquele?

- É, meu deus! Esqueci de dar o remédio.

recomendo

  • http://www.ciacarona.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=129&Itemid=98
  • http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u25609.shtml
  • http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=338&Artigo_ID=5239&IDCategoria=6005&reftype=2
  • http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=332&Artigo_ID=5164&IDCategoria=5922&reftype=2
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“A página que no início era branca, agora está cruzada de alto a baixo por minúsculos sinais negros, as letras, as palavras, as vírgulas, os pontos de exclamação... Contudo, há uma espécie de inquietação no espírito, há essa vontade de vomitar muito próxima da náusea, há uma oscilação que me faz hesitar em escrever... ” [Jean Genet]