
A.ção (sf): ato ou efeito de atuar; resultado de uma força física ou moral; possibilidade de executar alguma coisa; modo de proceder; atividade, energia, movimento.
A ação (dramática) não pode ficar apenas no físico ou mental, mas na união dos dois. Cotidianamente agimos a todo instante, tudo é ação. Cenicamente falando, algo precisa se transformar. Não me interessa esta energia/movimento, se na cena ela for cotidiana. Pode até ser uma ação cotidiana, mas sua construção, antes de ir para a cena, deve ser feita a partir de estados físicos extra-cotidianos. E mesmo assim, posteriormente, enquanto espetáculo, não será cotidiano, pois o estado, o local e o momento por si só já são extra-cotidianos.
Como se dá então essa construção da ação? Quer seja sobre o companheiro ou um objeto, algo deve me mover, mesmo que não seja possível ver fisicamente, mas internamente algo me transforma antes de exteriorizar fisicamente a ação.
Yoshi Oida¹ diz que para aperfeiçoarmos uma ação, para que tenha um verdadeiro sentido, deve-se fragmentá-la. É preciso detalhá-la mais e mais, antes de chegar ao final da ação.
Na construção da ação é preciso perceber tudo que ocorre com nosso processo de criação. Observar detalhes que podem passar despercebidos, e que poderiam ser de grande importância. Fugir da previsibilidade é de suma importância, o ideal é se entregar aos estímulos e sensações, sem se preocupar, neste primeiro momento, com a forma. Procure o limite, mas quando encontrar, já não serve, pois é necessário rompê-lo para ir a diante. Não posso ter medo de abrir mão daquilo que já criei, é uma troca constante. As mudanças devem significar refinamento, mais sensibilidade.
O ator pode funcionar como uma seqüência de fotografias, porem, estas imagem que temos/vemos devem estar em constante estado de transformação para se encaixar na próxima imagem, e esta, na seguinte.
¹ Yoshi Oida. Um Ator Errante, BECA, 1999, São Paulo.